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Exercício de análise imagética da obra “Grandes Expedições à Amazônia brasileira”

  • Thiane de Nazaré Monteiro Neves
  • 23 de mar. de 2013
  • 3 min de leitura

De autoria do paulistano João Meirelles Filho, a coletânea Grandes Expedições à Amazônia Brasileira, volume 1500-1930 e volume Século XX, são obras sobre as expedições de diferentes viajantes, em diferentes períodos e lugares da Amazônia, com objetivos diversos. De cunho histórico, os livros apresentam uma variedade de imagens que foram feitas pelos viajantes utilizando as diferentes técnicas existentes em cada contexto.

São fotografias, ilustrações, xilogravuras, aquarelas, entre outras técnicas, cujas aplicações proporcionam resultados bastante diferenciados, como é o caso de fotos coloridas e/ou preto e branco. Nesse caso pode-se observar que os tons preto e branco valorizam objetos, formas e expressões em alguns registros e em outros momentos deixam escapar a riqueza de matizes proporcionados pelo exuberante colorido amazônico.

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De acordo com Martine Joly (1996, p. 44), “nenhum autor domina a significância da imagem que produz” e, nestas obras, mesmo que as imagens possuam um caráter documental, suas representações podem alcançar dimensões jamais imaginadas por seus autores. Para quem é da região amazônica, a coletânea pode ser um exercício de auto(re)conhecimento, item tão caro e raro à educação local. Para quem não é da região, é uma oportunidade também de conhecer alguns aspectos da história amazônica.

Por mais óbvias que sejam, há muita intenção não transparente nas imagens apresentadas nos livros, constituindo, porém, uma significação obtusa (BARTHES, 1990). O espírito contemplativo e pacífico que persiste nas imagens sobre a Amazônia, até hoje, pode ser visualizado em ambas as obras aqui analisadas. Como podemos ver nas imagens abaixo, que mostram uma Amazônia silenciosa e harmônica.

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Em umas figuras, feita no século XVIII, por exemplo, vê-se um grupo de mulheres indígenas (e suas crianças) vestidas em trajes semelhantes aos trajes europeus. Mostra um índio já colonizado, que já teve contato com outras culturas, aderindo, inclusive, a alguns dos costumes dessas outras culturas, como a vestimenta. É também uma imagem de representação de uma mulher indígena de vida pacífica e doméstica. Percepção que se junta à do homem indígena, de ser forte e guerreiro. Como afirma Jolly (1996, p. 55), imagem é comunicação e por isso busca “estabelecer uma relação entre o homem e o mundo” e dificilmente um registro apresentará o sentido macro de uma ação, pois estará sempre editado, por indução humana ou por limitação técnica.

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Outra imagem destacada traz consigo o olhar científico para a Amazônia. As expedições colaboraram muito para a identificação de vacinas que partiram da flora local. Muitas doenças tropicais puderam ser identificadas e tratadas com a vinda de expedições científicas para a Amazônia. Como as imagens partem de registros históricos, a intenção é sempre o óbvio (BARTHES, 1990), sempre mostrar a realidade, mas ainda assim, como mencionado, por trás da realidade retratada existem sentidos que podem ser percebidos conforme o registro (seja por ilustração, foto, gravura, etc) feito pelo produtor. Porque nem mesmo a ciência, muito menos os cientistas, é livre da edição. Na figura a ação apresentada é uma “transcrição” sem maiores intenções de modificação do real. Meirelles Filho descreve a ação profissional de uma botânica, cujo trabalho desafiador é registrar espécies encontradas na Amazônia.

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Muitos cientistas contam suas aventuras pela Amazônia, como redescobridores do novo mundo e a coletânea de Meirelles Filho permite conhecer um pouco dessa história, mesmo que editada em manuscritos e imagens, por meio das expedições desses “aventureiros da ciência”.

Importante registrar que este texto não dá conta da coletânea analisada, dada sua riqueza imagética e documental. Em ambos os livros, quanto mais folheamos, mais temos a analisar.

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